Mato Grosso do Sul enfrenta o pior número de queimadas dos últimos 10 anos, com 13 mil focos registrados
Em 2024, Mato Grosso do Sul enfrentou um aumento alarmante de 187% nos focos de incêndio, marcando o pior índice dos últimos 10 anos. O dado foi revelado pela ferramenta TerraBrasilis, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que utilizou imagens de satélites e comparações geográficas para monitorar as queimadas no estado durante o ano.
Ao todo, foram registrados 13 mil focos, com 64% atingindo áreas de vegetação nativa e 29,3% em áreas de desmatamento consolidado. O bioma do Pantanal, que ocupa grande parte do território sul-mato-grossense, foi o mais afetado, com 14,7 mil focos, dos quais 80,5% atingiram vegetação nativa.
O impacto no Cerrado e na Mata Atlântica
O Cerrado também foi fortemente impactado, com 3,4 mil focos registrados, sendo 71% em áreas de desmatamento consolidado. Já a Mata Atlântica teve 861 focos, com a maioria dos incêndios afetando áreas de desmatamento consolidado e 35% atingindo vegetação nativa.
Focos em propriedades rurais e a atuação do Cadastro Ambiental Rural
Dos focos registrados em 2024, quase 10 mil ocorreram em grandes propriedades rurais, com área entre 5 e 110 hectares, muitas delas registradas no Cadastro Ambiental Rural (CAR). Contudo, a seca e o aumento da intensidade dos incêndios de maio a outubro afetaram principalmente áreas sem CAR e propriedades de médio porte.
Investimentos e ações de combate aos incêndios
O governo estadual investiu R$ 53 milhões no combate aos incêndios, enquanto o governo federal liberou R$ 137 milhões após a sanção do Projeto de Lei n° 1.818/2022, que institui a Política Nacional de Manejo Integrado do Fogo. A estiagem em Mato Grosso do Sul foi considerada a pior das últimas sete décadas, com 594 mil hectares queimados no Pantanal, o que representa 6% da área total da região pantaneira.
O impacto dos incêndios também foi visível em cidades como Corumbá, onde o céu ficou encoberto pela fumaça durante o auge das queimadas. O cenário de incêndios na América do Sul, com destaque para o Brasil, registrou um total de 278,2 mil focos de incêndio em 2024, o pior número desde 2010.
Desafios futuros
O aumento das queimadas no estado e no país reflete os efeitos devastadores da seca e do desmatamento, e reforça a necessidade urgente de políticas públicas para o manejo do fogo e a preservação ambiental.