Felino capturado após ataque em Miranda apresenta quadro de saúde debilitado e passará por mais exames no CRAS
A onça-pintada que atacou e matou um caseiro no Pantanal sul-mato-grossense está com sérios problemas de saúde, segundo boletim divulgado na manhã desta sexta-feira (25) pelo CRAS (Centro de Reabilitação de Animais Silvestres), em Campo Grande. O animal apresenta desidratação, além de alterações nos rins, fígado e sistema gastrointestinal.
O felino foi capturado na madrugada de quinta-feira (24), após três dias de buscas. Com aproximadamente 9 anos de idade e 94 quilos — peso abaixo do ideal para a espécie —, o animal está em um recinto seguro no CRAS, onde continuará sob observação. Ele precisou ser anestesiado para a realização de exames, incluindo hemograma, raio-x e ultrassonografia. Parte dos resultados ainda está sendo aguardada para um diagnóstico completo.
Segundo o boletim veterinário, a onça continua consciente, sem sinais de vômito ou regurgitação, e apresenta comportamento considerado dentro da normalidade. Mesmo assim, os profissionais destacam que ela ainda requer cuidados intensivos, devido à condição frágil em que foi encontrada.
O caso ganhou repercussão nacional por se tratar da primeira onça-pintada capturada no Brasil após um ataque fatal a humano. Jorge Ávalo, conhecido como Jorginho, foi a vítima. Ele trabalhava há cerca de 20 anos em um pesqueiro na região de Touro Morto, em Miranda. O desaparecimento dele foi notado por um pescador que foi até o local comprar mel e encontrou marcas de sangue no deck.
Na terça-feira (22), restos mortais foram localizados, e a Polícia Civil confirmou que não há dúvidas de que Jorge foi morto por um animal de grande porte. O delegado Luis Fernando Mesquita, da delegacia de Aquidauana, afirmou que os indícios são claros quanto à autoria do ataque.
Agora, com o animal sob custódia, o próximo passo será a definição do destino dele. De acordo com o secretário-executivo estadual de Meio Ambiente, Arthur Falcette, a onça será encaminhada ao Governo Federal, por meio do ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade), para que integre um programa de monitoramento. O caso, considerado atípico, despertou interesse de especialistas, que pretendem estudar o comportamento e a saúde do felino.
“Essa é uma situação absolutamente inédita no país. Sem dúvidas, haverá muita demanda para pesquisar essa onça. Precisamos entender essa dinâmica para prevenir novos casos”, disse o secretário.