Após novo deslizamento, município quer obras de contenção para evitar novos desastres em encostas já marcadas por mortes e desabamentos
O deslizamento registrado no dia 16 de abril, no bairro Beira-Rio, em Corumbá, reacendeu um alerta antigo: a ocupação irregular de áreas de risco continua colocando vidas em perigo. Dessa vez, a tragédia atingiu uma encosta calcária íngreme, localizada entre a parte alta da cidade e o Rio Paraguai. A área segue sendo ocupada, especialmente porque o acesso à energia elétrica nesses morros é relativamente fácil, o que incentiva a permanência das famílias.
Estudos feitos pela prefeitura, pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e também pelo Serviço Geológico do Brasil (SGB) mostram que essa região tem alta vulnerabilidade. Isso porque os riscos de alagamentos e deslizamentos são constantes. Em diversos pontos, casas foram construídas de forma precária em encostas ou vales degradados. Além disso, o acúmulo de lixo, a retirada de vegetação e o bloqueio de córregos naturais aumentam ainda mais a chance de tragédias.
De acordo com os levantamentos, seis bairros concentram os maiores riscos: Popular Velha, Arthur Marinho, Cervejaria, Beira-Rio, Borrowisk e Generoso. Enquanto as áreas com vista privilegiada do Pantanal e do Rio Paraguai abrigam imóveis de alto padrão, os locais mais perigosos acabaram sendo ocupados por famílias de baixa renda. Muitas dessas moradias foram erguidas em áreas sem qualquer tipo de infraestrutura, ignorando regras básicas de segurança.
Diante disso, a prefeitura de Corumbá inscreveu um dos seus dez projetos no novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), do governo federal. A proposta inclui obras de contenção nas encostas, com o objetivo de evitar novos deslizamentos. Além da engenharia, a ação também envolve a remoção segura das famílias em risco e a reurbanização das áreas afetadas.
Embora o desafio seja grande, o município acredita que, com apoio do PAC e a parceria de órgãos técnicos, será possível transformar esses espaços e garantir mais segurança para quem mora ali. A meta é frear os desastres e mudar a realidade das famílias que, há décadas, vivem sob constante ameaça.