Ação do Dracco apreende maleta com moeda africana em investigação sobre notas frias e simulação de venda de grãos
Durante a Operação Colheita Fantasma, deflagrada nesta quarta-feira (30) em Mato Grosso do Sul, investigadores encontraram um item inusitado: uma maleta recheada de cédulas de dólar do Zimbábue. A moeda africana, usada entre 1980 e 2009, raramente aparece em apreensões no Brasil. O mais comum, nesses casos, é encontrar real, dólar americano ou euro.
A operação é conduzida pelo Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) com apoio da Sefaz (Secretaria de Estado de Fazenda) e da Receita Federal. O alvo principal, preso na ação, é apontado como o coordenador do esquema, mas não faz parte do serviço público estadual.
A investigação revelou que o grupo fraudava o sistema fiscal ao emitir notas fiscais eletrônicas sem circulação real de mercadorias. Eles simulavam transações interestaduais de grãos, com o objetivo de gerar créditos tributários indevidos. O nome da operação faz referência à principal fraude descoberta: uma colheita que nunca existiu, restrita apenas ao papel.
De acordo com as autoridades, as empresas envolvidas — controladas de forma oculta pelo mesmo grupo — movimentaram mais de R$ 1 bilhão em transações fictícias desde 2020. A fraude gerou aproximadamente R$ 100 milhões em créditos tributários indevidos, além de prejuízos em âmbito federal.
Foram cumpridos mandados de busca e apreensão em Campo Grande e Ivinhema. Além disso, houve o bloqueio de contas bancárias no valor de R$ 20 milhões e o sequestro de bens. Os agentes recolheram documentos fiscais, contratos sociais, equipamentos eletrônicos e registros financeiros em residências, escritórios e empresas ligadas ao esquema.
A Sefaz informou que as informações sobre a investigação serão repassadas exclusivamente pela Polícia Civil.