Grupo bloqueia a rodovia com galhos e pneus em chamas e cobra audiência com o Ministério do Desenvolvimento Agrário
O protesto do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra) interditou a BR-163 na manhã desta segunda-feira (28), na altura do km 466, em Campo Grande. O bloqueio, iniciado por volta das 5h30, causou um congestionamento que chegou a 7 km no sentido norte e 5 km no sentido sul da via.
Segundo a CCR MSVia, concessionária responsável pela rodovia, os manifestantes usaram pneus e galhos em chamas para impedir a passagem de veículos no trevo. A Polícia Rodoviária Federal (PRF) confirmou que o bloqueio está sendo controlado para garantir a passagem de ambulâncias, idosos e crianças a caminho da escola.
No local, os manifestantes gritavam palavras de ordem como “reforma agrária” e “pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com formiga, não atiça o formigueiro”. O grupo afirma que cerca de 600 pessoas participam do ato, que também ocorre em frente à sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), na Capital.
Douglas Cavalheiro, integrante da coordenação do MST, afirmou que o movimento reúne dez grupos sociais. “Estamos há três dias esperando uma resposta do Incra nacional e do ministro Paulo Teixeira. Queremos uma audiência com eles. Já cansamos de negociar apenas com a superintendência estadual”, declarou.
Os manifestantes também protestam contra a retirada de famílias assentadas em Dourados, feita pela Tropa de Choque no domingo (30).
A PRF considera a manifestação pacífica e garantiu que só haverá intervenção se o bloqueio impedir casos de emergência. “Por enquanto, garantimos a passagem de quem realmente precisa. Nosso foco é evitar conflitos”, informou a policial rodoviária federal Laís Alonso. Reforços já foram solicitados para o local.
Uma equipe do Corpo de Bombeiros também acompanha a situação, mas ainda não iniciou o combate às chamas. Segundo o subtenente Glaucio Santana, a PRF orientou os bombeiros a aguardarem a negociação para evitar a escalada do conflito. “Apagar o fogo agora pode causar uma reação mais agressiva dos manifestantes”, explicou.
Enquanto a manifestação segue, motoristas tentam encontrar rotas alternativas. O técnico Cleverton Mendonça, de 28 anos, criticou a situação: “Acordei cedo para trabalhar e agora estou parado aqui. Isso atrapalha não só o serviço, mas o direito de ir e vir”. Já Roberto Vargas, de 64 anos, avalia mudar o caminho: “Estou pensando em seguir pela MS-040, mas tenho medo de lá também estar fechada”.