Escalada da guerra eleva risco de colapso econômico global e pressiona inflação, segundo presidente da CRE no Senado
A guerra no Oriente Médio, que se intensificou com os recentes ataques dos Estados Unidos, pode causar sérios impactos na economia global, e esses efeitos podem atingir diretamente o Brasil, inclusive Mato Grosso do Sul. A análise é do senador Nelsinho Trad (PSD-MS), presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) do Senado.
Segundo o parlamentar, o conflito envolve algumas das maiores potências produtoras de petróleo do mundo, o que coloca em risco o fornecimento global de energia e ameaça desestabilizar os mercados. “É o combustível que move praticamente toda a economia do mundo. Se a situação fugir do controle, o preço do petróleo vai disparar e a inflação virá galopante”, afirmou.
No último domingo (22), o Parlamento do Irã aprovou uma medida que pode agravar ainda mais o cenário: o fechamento do Estreito de Ormuz. Essa rota marítima é estratégica, pois por ela escoa entre 20% e 30% do petróleo consumido no planeta. Países como Arábia Saudita, Emirados Árabes, Omã, Iraque, Kuwait e o próprio Irã dependem dessa passagem para exportar o produto. No entanto, a decisão ainda precisa do aval do Conselho de Segurança iraniano e do líder supremo, aiatolá Ali Khamenei.
Economistas apontam que os primeiros impactos da guerra devem atingir os preços dos combustíveis, dos fertilizantes e dos insumos agrícolas. Isso pode elevar consideravelmente os custos do agronegócio em estados produtores, como Mato Grosso do Sul. Vale lembrar que o Brasil depende fortemente da importação de fertilizantes: mais de 95% do que é usado nas lavouras vem do exterior. O Irã fornece ureia, enquanto Israel exporta cloreto de potássio para o mercado brasileiro.
Embora o senador não tenha detalhado os efeitos imediatos sobre o comércio exterior sul-mato-grossense — que negocia principalmente com China, Itália, Holanda e Estados Unidos — ele defende com firmeza a busca por soluções diplomáticas. “Precisamos de paz. A escalada da violência já está vitimando inocentes que não têm qualquer envolvimento com o conflito”, disse Nelsinho.
Durante esta semana, a Comissão de Relações Exteriores pretende pressionar por uma atuação internacional mais contundente. “Vamos insistir num gesto de pacificação por parte dos grandes líderes. O mundo está à beira de um colapso, inclusive com riscos reais de uso de armas nucleares”, alertou.
Por fim, o senador reforçou que a ONU deve atuar com urgência, mediando um cessar-fogo e incentivando o diálogo entre as partes envolvidas. “Este é o momento de todos os líderes, inclusive os religiosos, se manifestarem. Já ouvimos o Papa pedir que a diplomacia silencie as armas. Agora, é preciso agir com firmeza e união para que a paz prevaleça”, finalizou.


