Investigação do Gaeco aponta que servidor compartilhou dados sigilosos, munições e informações estratégicas com organização ligada ao PCC
Uma investigação do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado) escancarou a relação íntima entre o policial penal Jonathas Wilson Moraes Cândido e Edimilson Santos Pereira, apontado como um dos chefes de uma facção criminosa ligada ao PCC em Mato Grosso do Sul.
Mais que cúmplice, Jonathas era tratado como aliado estratégico. Ele negociou uma motocicleta com Edimilson e acabou se oferecendo para ajudar o traficante, compartilhando informações sigilosas do sistema prisional, placas de veículos e até imagens de operações em andamento — tudo em total desacordo com suas funções na Agepen (Agência Estadual de Administração do Sistema Penitenciário).
A apuração mostra que, em 2022, Edimilson pediu dados sobre um preso que lhe devia R$ 300 mil. Jonathas atendeu prontamente, enviando até foto da tela do sistema. Também fez consultas de placas de veículos e chegou a adquirir munições para repassar ao chefe da quadrilha.
Toda a engrenagem criminosa foi revelada após a apreensão do celular de Edimilson. Conversas expuseram não só o envolvimento do servidor público, mas também como a organização atuava com motoristas de empresas de carga, serralheiros para adaptar cilindros de oxigênio e mulheres responsáveis por lavar o dinheiro do tráfico.
A Operação Blindspot, deflagrada em vários estados, cumpriu 67 mandados judiciais — 37 de prisão e 30 de busca e apreensão. Só em Mato Grosso do Sul foram alvos Campo Grande, Dourados, Corumbá e Ladário.
Apesar de ter sido preso em 2022 na Operação Courrier por venda de favores a detentos, Jonathas foi solto meses depois por decisão do STJ e voltou a atuar normalmente. Hoje, recebe salário bruto de R$ 7,3 mil, segundo o Portal da Transparência. Mesmo diante das acusações e de responder por ameaças a um vizinho, ele segue na ativa, sem tornozeleira eletrônica ou restrições.


