Crime ocorreu em fazenda de Itahum; Paulo Lange alegou legítima defesa, mas versão não convenceu a polícia
O pecuarista e empresário Paulo Afonso de Lima Lange, de 66 anos, foi transferido na manhã desta quinta-feira (17) para a Penitenciária Estadual de Dourados (PED). Ele é acusado de matar o médico veterinário e também fazendeiro Volnei Kommers Beutinger, de 52 anos. O crime aconteceu no último dia 10, na propriedade de Lange, localizada no distrito de Itahum, em Dourados.
Após o assassinato, Paulo se apresentou à polícia no dia seguinte e alegou ter agido para defender o filho, de 37 anos, que brigava com Volnei por causa de um lote de gado. Segundo ele, a vítima estaria com uma faca e ameaçava o rapaz.
No entanto, a versão apresentada por Paulo não convenceu a Polícia Civil. Conforme o delegado Lucas Albe Veppo, responsável pelas investigações, os depoimentos do filho do pecuarista, de um funcionário da fazenda e do empregado que acompanhava Volnei apresentam várias contradições. Esses elementos enfraquecem a tese de legítima defesa e sustentam o pedido de prisão preventiva.
Paulo chegou a passar o final de semana em casa, mas foi preso na manhã de segunda-feira (14) e ficou por três dias na carceragem da Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário). Com a confirmação da preventiva, ele foi levado para o presídio.
Embora o filho do fazendeiro tenha participado diretamente da briga, ele ainda é tratado apenas como testemunha. A polícia aguarda o laudo da perícia para decidir se ele também será indiciado.
Discussão começou por gado
O conflito teve início quando Volnei foi até a fazenda do vizinho com um funcionário em busca de bois que haviam invadido a propriedade de Paulo Lange. Lá, o filho de Paulo teria dito que os animais seriam enviados ao frigorífico, o que gerou uma discussão que evoluiu para luta corporal.
Durante a confusão, Paulo sacou um revólver calibre 38 e atirou no peito de Volnei. Depois disso, ele ordenou que o funcionário da vítima retirasse o corpo, mas o homem se recusou. Foi então que o pecuarista colocou o corpo em sua caminhonete Ford Ranger e o levou até a fazenda da vítima.
Paulo disse que Volnei ainda estava vivo naquele momento e que o levou para tentar socorro, pois não havia sinal de celular. Contudo, o funcionário de Volnei desmentiu essa versão. Ele afirmou que o patrão já estava morto e que não portava nenhuma faca.
Histórico criminal
Essa não é a primeira vez que Paulo Lange se envolve com a Justiça. Ele já foi preso por porte ilegal de arma e também tem uma condenação de quatro anos e quatro meses por crimes contra a liberdade pessoal — situação análoga à escravidão.
Em 2013, uma fiscalização do Ministério Público do Trabalho, junto com a Polícia Federal e o Ministério do Trabalho, flagrou um trabalhador submetido a condições degradantes na mesma fazenda. O capataz não recebia salário regularmente, trabalhava todos os dias da semana, bebia água do mesmo açude usado pelo gado e se alimentava de forma precária.


