Empresários, vereadores, OAB e prefeitura pressionam o Governo do Estado para impedir cancelamento do único voo comercial; nova audiência com Riedel está sendo articulada
A suspensão do único voo da companhia Azul para Corumbá, previsto para outubro, mobilizou lideranças políticas, empresariais e a sociedade civil da cidade. Com articulação do prefeito Gabriel Oliveira, uma comissão com representantes da OAB, vereadores e empresários do turismo será formada para cobrar uma posição do Governo do Estado em defesa da manutenção da rota.
O voo, que parte de Campinas (SP) com escala em Bonito, é o único com conexão direta para Corumbá, importante destino turístico e polo econômico da região pantaneira. A empresária Joice Santana, que atua no segmento de pesca esportiva e cruzeiros fluviais, reforça a urgência da ação: “Se o voo para Bonito será mantido, Corumbá não pode ser excluída. O nosso governador tem que olhar também pelo nosso destino, o Pantanal”.
Dados da concessionária que administra o Aeroporto Internacional de Corumbá mostram que 17.946 passageiros passaram pelo terminal apenas no primeiro semestre de 2025. A expectativa era superar os 30 mil até dezembro, caso o voo fosse mantido. A região, além disso, está recebendo R$ 165 milhões em investimentos da espanhola Aena para modernização da estrutura, que passará a comportar até 100 mil passageiros por ano.
Apesar desses avanços, o prefeito afirma que a cidade enfrenta isolamento. “Temos alta produção de minério, um aeroporto moderno e grande estrutura turística, mas não temos hidrovia funcional, a rodovia BR-262 é precária e agora corremos o risco de perder o único voo comercial”, reclamou Gabriel Oliveira.
Na última quinta-feira (11), uma reunião no gabinete do prefeito selou o pacto pela defesa da malha aérea. Participaram vereadores, representantes da OAB e do trade turístico. “Foi um grito contra as perdas que Corumbá vem sofrendo. Criamos uma frente para garantir esse voo”, destacou o presidente da Câmara, vereador Ubiratan Canhete.
A comissão deve solicitar uma audiência urgente com o governador Eduardo Riedel. O apoio do deputado estadual Paulo Duarte e da bancada federal também será solicitado. Além disso, será discutida a possibilidade de atrair outras companhias, como a Gol, que já cogita uma rota noturna conectando Corumbá a Campo Grande e Guarulhos, com apoio de incentivos fiscais do Estado para o querosene de aviação.
Apesar do otimismo nas negociações, o diretor-presidente da Fundação de Turismo de MS, Bruno Wendling, afirmou que o turismo na região não será prejudicado, já que “mais de 90% dos turistas chegam por via terrestre”. A declaração, no entanto, contraria os dados da própria concessionária do aeroporto.
A mobilização continua, com o objetivo claro de manter a conectividade aérea de Corumbá e evitar o retrocesso no desenvolvimento turístico e logístico da Capital do Pantanal.


