Medida afeta principalmente Mato Grosso do Sul, que exportou mais de US$ 315 milhões no primeiro semestre de 2025
O governo brasileiro formalizou uma queixa na Organização Mundial do Comércio (OMC) contra os Estados Unidos após a entrada em vigor de tarifas de 50% sobre produtos brasileiros. O Itamaraty considera a medida abusiva e acusa os EUA de violar compromissos assumidos dentro da própria OMC. A queixa busca abrir uma rodada de consultas bilaterais antes da possível formação de um painel internacional.
Entre os produtos mais afetados estão os exportados por Mato Grosso do Sul, que vendeu mais de US$ 315 milhões aos EUA no primeiro semestre de 2025. A carne bovina in natura, principal item da pauta sul-mato-grossense, foi mantida na lista de produtos taxados, sem qualquer isenção. Este produto representa 45,2% das vendas do Estado para o mercado norte-americano, conforme dados da Fiems.
Além da carne bovina, outras mercadorias sul-mato-grossenses também foram atingidas pelas tarifas. Entre elas, o sebo bovino, que responde por 9,4% das exportações estaduais para os EUA, carnes salgadas (2,5%), carnes desossadas, filés de tilápia e óleos de origem animal. Todos esses produtos agora enfrentam o tributo de 50%, o que reduz sua competitividade internacional.
No entanto, dois produtos estratégicos da indústria de Mato Grosso do Sul ficaram de fora da lista tarifária. A celulose — destacando as produções das gigantes Suzano, Eldorado e Arauco — e o ferro-gusa, matéria-prima da indústria siderúrgica, mantêm acesso ao mercado norte-americano. Juntos, eles representaram mais de 36% das exportações estaduais para os EUA em 2025.
A resposta do governo brasileiro na OMC visa contestar a legalidade da imposição tarifária com base nos acordos multilaterais. Atualmente, o processo está na fase de pedido de consultas, que permite tentar uma solução negociada entre os países. Caso não haja acordo, o Brasil poderá solicitar a formação de um painel de arbitragem para resolver o conflito.


