O estado registrou 49 ataques entre 2023 e 2024, colocando-se em terceiro lugar no Brasil, com destaque para cinco assassinatos de líderes indígenas.
Mato Grosso do Sul ocupa a terceira posição no Brasil em termos de ataques contra defensores de direitos humanos, com 49 casos registrados entre 2023 e 2024. O Pará, com 103 casos, e a Bahia, com 50, são os únicos estados a superar o número de incidentes no estado. A maioria das vítimas é indígena, refletindo a intensificação da violência contra aqueles que lutam pelos seus direitos e terras.
Assassinatos de líderes indígenas aumentam
Cinco dos ataques resultaram em assassinatos, todos envolvendo vítimas indígenas. Em 2023, Rufino Velasque e Sebastiana Gauto foram mortos em Aral Moreira, enquanto Damiana Cavanha foi assassinada em Dourados. Em 2024, Neri Ramos da Silva, do povo Guarani Kaiowá, foi morto em Antônio João e Algimiro Escarlate, o “Rezador Algimiro”, foi assassinado em Bela Vista. Esses crimes são um reflexo direto da crescente violência contra líderes indígenas.
A luta por terras e a violência subsequente
A disputa por terras tradicionais tem sido um dos principais fatores dessa violência. Em julho de 2024, membros do povo Guarani Kaiowá retomaram uma parte do território da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica, localizada em Douradina. Após a ação, uma série de atentados violentos ocorreu contra a comunidade. Apesar da intervenção temporária da Força Nacional, os ataques aumentaram assim que a presença da força foi suspensa. Grupos armados utilizaram munição letal e balas de borracha, ferindo 11 indígenas, com dois em estado grave.
Danos materiais e psicológicos às comunidades
Além das agressões físicas, as comunidades indígenas sofreram danos materiais e psicológicos. Pelo menos 44 casos de destruição de propriedades foram registrados, impactando profundamente as estruturas comunitárias. Em fevereiro de 2024, uma casa de reza no território Kunumi Verá, em Caarapó, foi incendiada, causando prejuízos materiais e sofrimento psicológico às famílias.
Falta de respostas das autoridades estaduais
A reportagem buscou respostas da Secretaria de Estado de Assistência Social e dos Direitos Humanos (Sead) e do Governo do Estado sobre esses dados, mas até o momento não obteve retorno. O espaço permanece aberto para esclarecimentos.


