O relatório da Senappen mostra que Fernandinho Beira-Mar, líder do Comando Vermelho, continuou a operar no crime sob RDD. O narcotraficante, que foi o primeiro detento do sistema federal em 2006, usava parentes, advogados e outros presos para burlar o controle de comunicações.
Luiz Fernando Moraes da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, nunca deixou de ser um líder influente do Comando Vermelho. Mesmo preso em Campo Grande, sob regras rígidas, ele manteve os “negócios extramuros”. As informações constam no histórico prisional do narcotraficante. Ele está prestes a completar 20 anos encarcerado.
O documento, produzido pela Senappen (Secretaria Nacional de Políticas Penais), mostra como Beira-Mar continuou a operar no crime, apesar de estar sob a vigilância do chamado RDD (Regime Disciplinar Diferenciado).
O chefe da facção com origem no Rio de Janeiro foi preso em 2002. Em 2006, ele foi o primeiro detento da unidade federal de Catanduvas (PR). O preso, que acumula mais de 300 anos de prisão em condenações, esteve na Penitenciária Federal de Campo Grande em duas ocasiões.
Burlando o RDD
Um relatório da inteligência da Senappen, divulgado pelo jornal O Globo, diz que, entre 2014 e 2016, o detento continuava “cometendo crimes, burlando as rígidas regras de segurança” e utilizava “parentes, inclusive advogados, para dar continuidade a suas atividades criminosas”.
Bilhetes picotados com assinatura de Beira-Mar foram encontrados dentro de marmitas, o que deflagrou a Operação Epístola, em 2017. Por lá, ele teve contato com lideranças do PCC (Primeiro Comando da Capital) e acabou estreitando laços com a facção rival.
Mesmo com o isolamento mais severo, a partir de 2019, o detento conseguiu burlar o controle das comunicações. Um relatório de 2022 mostra que “Luiz Fernando continua custeando despesas advocatícias para outros presos” e que o detento ainda articulava “negócios extramuros, com a ajuda de visitantes, advogados e outros presos”.
O advogado sul-mato-grossense Luiz Gustavo Battaglin Maciel, que atendia Beira-Mar, afirmou que esteve com o cliente “umas duas ou três vezes” ao longo da segunda estadia dele na Capital. A Senappen, por sua vez, afirmou que “todas as comunicações dentro de uma penitenciária federal são monitoradas mediante autorização judicial”.


