Entidades que representam as autoescolas se mobilizam para contestar no STF a resolução do Contran que dispensa as aulas práticas para tirar a CNH. A medida, que pode reduzir o custo da habilitação em até 80%, é criticada pelo setor por ser “improvisada” e por não ter tido diálogo.
As entidades que representam as autoescolas estão se mobilizando para contestar no STF (Supremo Tribunal Federal) a resolução do Contran (Conselho Nacional de Trânsito) que dispensa as aulas práticas para quem quer tirar a CNH (Carteira Nacional de Habilitação). Além disso, um projeto será enviado ao Congresso para tentar derrubar a medida.
A resolução foi aprovada por unanimidade na última segunda-feira (1º). Ela permite que a pessoa se prepare para o exame teórico e prático de formas alternativas, sem a necessidade de uma autoescola. Para que a resolução entre em vigor, no entanto, ela ainda precisa ser publicada no Diário Oficial da União (DOU).
Ygor Valença, presidente da Feneauto (Federação Nacional das Autoescolas), afirmou que a CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) contestará a resolução no STF. Além disso, Feneauto e outras entidades estaduais planejam apresentar um projeto de decreto legislativo na Câmara dos Deputados.
Alegações e custos
Em nota, a Feneauto defendeu um modelo mais seguro e acessível para a obtenção da CNH. No entanto, a entidade afirmou que a resolução do Contran é improvisada e foi feita sem diálogo com o setor. A federação também questionou a forma como a resolução foi aprovada, sem aviso prévio ou transparência.
O governo federal, por sua vez, alega que a medida visa reduzir os custos e a burocracia para os brasileiros. Dados indicam que cerca de 20 milhões de pessoas dirigem sem habilitação, e outras 30 milhões não podem arcar com os custos, que podem chegar a R$ 5 mil. A expectativa é que a mudança reduza esses custos em até 80%.
Em outubro, o ministro dos Transportes, Renan Filho, havia explicado que a alteração não depende de uma mudança legislativa, mas apenas de uma resolução do Contran. Contudo, entidades do setor consideram que a decisão do Contran interfere nas competências do Congresso Nacional.


