Com rombo de R$ 6 bilhões em 2025, empresa anuncia plano de choque para economizar R$ 5 bilhões; medidas incluem venda de imóveis, corte de benefícios e possível abertura de capital em 2027.
Os Correios anunciaram nesta segunda-feira (29/12) um drástico plano de reestruturação para tentar reverter a crise financeira que assola a companhia. Com um patrimônio líquido negativo de R$ 10,4 bilhões, a estatal planeja fechar 16% de suas agências próprias e reduzir seu quadro de funcionários em 15 mil pessoas por meio de Planos de Demissão Voluntária (PDVs) até 2027.
O presidente da estatal, Emmanoel Rondon, justificou as medidas como necessárias para enfrentar a “rigidez despesa fixa”, que hoje consome 90% do orçamento da empresa.
📉 O Raio-X da Crise nos Correios
A digitalização e a concorrência agressiva no e-commerce minaram a lucratividade da empresa, que acumula déficits sucessivos desde 2022.
| Indicador Financeiro | Situação em 2025 |
| Resultado (Jan-Set/2025) | Déficit de R$ 6 bilhões |
| Patrimônio Líquido | Negativo em R$ 10,4 bilhões |
| Empréstimo Recente | R$ 12 bilhões (assinado em 26/12) |
| Necessidade de Caixa 2026 | + R$ 8 bilhões |
🛠️ Principais Medidas do Plano de Reestruturação
O plano foca em cortes de despesas estruturais e na geração de novas receitas:
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Fechamento de Agências: Cerca de mil unidades serão encerradas. Rondon garantiu que a “universalização do serviço” será mantida através das outras 9 mil unidades parceiras.
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Corte de Pessoal: Dois PDVs (2026 e 2027) visam desligar 15 mil empregados, economizando R$ 2,1 bilhões anuais.
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Benefícios sob Revisão: O plano de saúde e a previdência complementar dos servidores serão revisados por serem considerados “financeiramente insustentáveis”.
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Venda de Ativos: Expectativa de arrecadar R$ 1,5 bilhão com a venda de imóveis da estatal.
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Abertura de Capital: A partir de 2027, estuda-se transformar os Correios em uma sociedade de economia mista (como o Banco do Brasil), permitindo a entrada de investidores privados.
🌐 Cenário Global
Rondon comparou a situação brasileira com a do USPS (Correios dos EUA), que reportou prejuízo de US$ 9 bilhões. Segundo ele, a queda drástica no volume de cartas é um fenômeno mundial que exige que as empresas postais se transformem em gigantes da logística para sobreviver. “Esse plano reafirma os Correios como ativo estratégico, garantindo que cheguemos onde ninguém mais chega, mas com eficiência operacional”, concluiu.


