Independentemente de todas as versões oficiais que surgirem nos próximos dias e semanas, nenhum membro da diretoria do Botafogo, ou da SAF de John Textor, conseguirá convencer o torcedor sobre a falha no planejamento na temporada 2025. A derrota para o Flamengo por 1 a 0, em jogo atrasado pela 7ª rodada do Campeonato Carioca, escancarou o desmonte alvinegro em diversos aspectos.
O maior dos problemas consiste justamente na falta de um treinador para comandar a equipe na “pré-temporada”, sendo assim a disputa do Estadual definida pela SAF do empresário norte-americano. Ao invés de manter o estilo de jogo consolidado pelo ex-técnico Artur Jorge, o interino Carlos Leiria passou cada vez mais a impor sua própria filosofia com objetivo de manter o cargo, tentando priorizar os resultados em detrimentos dos processos.
Sendo assim, Danilo Barbosa foi improvisado como zagueiro e Allan foi escalado em um sistema que contou com quatro volantes, optando por um caminho totalmente oposto ao estilo ofensivo do tão promovido “Botafogo Way”. O elenco campeão da Libertadores e do Brasileirão sentiu muito essa formação diferenciada, terminando o primeiro tempo com apenas duas finalizações e um chute no alvo em pouco mais de 45 minutos de futebol.
Mais preocupado em neutralizar as ações do Flamengo e apostando em contra–ataques, o Glorioso voltou do intervalo cedendo os mesmos espaços e com mesma estratégia defensiva. Em jogada ensaiada, então, o Flamengo buscou a vitória, com movimentação de Danilo nas costas de Marlon Freitas durante cobrança de falta, deixando a bola na medida para Léo Ortiz concluir livre na segunda trave.
O Rubro-Negro não conseguiu criar mais chances de gol e mostrou pouca produção ofensiva, mas, ainda assim, foi suficiente para vencer um Botafogo completamente irreconhecível em relação à temporada vitoriosa. A confusão generalizada após a partida ainda ressuscita os questionamentos sobre o comportamento mental do elenco, que perdeu o controle devido a uma provocação do atacante Bruno Henrique, levando à expulsão de Alexander Barboza.
Após desmotivar o torcedor (que protestou com a baixíssima presença de público no Maracanã) neste início de temporada, a SAF tentará corrigir seus erros com o retorno de Cláudio Caçapa, desta vez para atuar como auxiliar fixo. O profissional foi importante em 2023 para neutralizar o impacto imediato da saída de Luís Castro e conquistou a confiança do elenco, mas retornou à Europa em busca de maior espaço no grande centro do futebol mundial.
Com trabalhos fracassados no Lyon e no Molenbeek, permanecendo livre no mercado desde então, Caçapa retorna à Eagle Football com novo contrato fixo, buscando se projetar no futebol brasileiro a longo prazo. Contudo, sua primeira missão consistirá em devolver a confiança para os jogadores e para a torcida, urgentemente. Além disso, precisará reimplementar parte do estilo ofensivo no elenco alvinegro, o qual precisará de bastante aprimoramento em poucos dias para as rodadas finais do Campeonato Carioca e a disputa da Recopa Sul-Americana, diante do Racing.
Por fim, vale destacar como a SAF subestimou o torcedor do Botafogo após o histórico 2024. Com objetivo de priorizar o Lyon neste primeiro semestre do ano, buscando evitar o rebaixamento de um dos clubes mais tradicionais da França, John Textor deixou o alvinegro em segundo plano, estratégia que pode ter comprometido a temporada do Fogão em fevereiro.
Fonte: 90min
