Pais estão sob suspeita e não compareceram ao enterro; Justiça determinou medida protetiva para proteger os irmãos da criança
A bebê de 10 meses, que morreu por insuficiência respiratória, foi sepultada na tarde desta quarta-feira (16), em Campo Grande. O enterro aconteceu no Cemitério Santo Amaro, em um túmulo simples, de concreto, sem identificação ou flores.
A despedida foi silenciosa. Apenas a avó materna da criança esteve presente. Ela permaneceu no local por cerca de 10 minutos, acompanhada de uma mulher e de um funcionário do cemitério. Nenhum outro familiar compareceu.
O corpo foi colocado em um caixão branco, fornecido pela Prefeitura de Campo Grande. Não houve velório.
Pais estão sob investigação
Os pais da bebê foram presos inicialmente por homicídio culposo, quando não há intenção de matar. No entanto, ganharam liberdade no dia seguinte, terça-feira (15). Mesmo soltos, eles estão proibidos de se aproximar dos outros dois filhos, de 3 e 6 anos, que estão em um abrigo.
A Justiça atendeu ao pedido da Polícia Civil e impôs uma medida protetiva. Agora, os pais devem manter distância mínima de 300 metros das crianças.
O que aconteceu
A morte da bebê aconteceu na madrugada de segunda-feira (14). Segundo os pais, eles perceberam que a criança não respirava e correram para socorrê-la por volta das 5h da manhã. Uma vizinha relatou que viu a mãe sair com o bebê nos braços e pedir uma corrida de moto por aplicativo até o quartel dos bombeiros.
O Corpo de Bombeiros prestou os primeiros socorros e chamou o Samu. Os socorristas tentaram reanimar a bebê por cerca de uma hora, mas ela não resistiu.
Durante o atendimento, um tenente da Unidade de Resgate notou hematomas no corpo da criança. A delegada da Polícia Civil foi acionada e orientou que a mãe fosse levada à DEPCA (Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente). O corpo foi encaminhado à UPA Universitário para exames.
Negligência médica e evasão do atendimento
Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a bebê foi atendida pela primeira vez na sexta-feira (12), às 13h07, na UBS do Portal Caiobá. De lá, foi encaminhada à UPA, onde chegou às 15h01 e foi classificada como risco amarelo.
O diagnóstico inicial foi de bronquiolite. A bebê recebeu medicação, fez raio-x e passou por duas reavaliações. No entanto, às 20h26, os médicos perceberam que a família havia saído do local sem autorização e antes de concluir o tratamento.
Na madrugada de segunda-feira, ela retornou à UPA já sem vida. O laudo preliminar confirmou a morte por insuficiência respiratória causada por broncopneumonia. Os hematomas encontrados no corpo não foram considerados a causa da morte, mas seguem sob investigação.
Histórico preocupante
Em 2020, a mãe já havia sido denunciada por manter o filho mais velho, hoje com 6 anos, em condições insalubres. Na época, o Conselho Tutelar tentou três visitas, mas não conseguiu localizar a família no endereço informado. Desde então, o caso não teve novos desdobramentos.