Andreson Gonçalves também é citado em investigações no Mato Grosso do Sul envolvendo desembargadores afastados
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira (26) o lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, de 45 anos, em Cuiabá (MT), como parte da Operação Sisamens, que apura um esquema de venda de decisões judiciais no Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT). Andreson já havia sido mencionado em investigações similares no Mato Grosso do Sul, durante a Operação Ultima Ratio, que resultou no afastamento de magistrados e conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MS).
Operação Sisamens
O mandado de prisão foi expedido pelo ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), e incluiu também 23 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso, Pernambuco e no Distrito Federal. A residência do lobista e dos desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho, do TJMT, foi alvo de buscas.
As investigações ganharam força após o assassinato do advogado Roberto Zampieri, em dezembro de 2023, que teria exposto, por meio de mensagens, o esquema de venda de decisões judiciais. Andreson é apontado como responsável por conectar Zampieri aos magistrados investigados.
Ligação com Mato Grosso do Sul
Na Operação Ultima Ratio, Gonçalves foi citado em diversas conversas com o desembargador Marcos José Brito Rodrigues, do TJMS. Em um episódio, o lobista enviou prints de processos com valores milionários para o desembargador, que, em resposta, solicitou a impressão de votos relacionados aos casos.
Além disso, Gonçalves teria se vangloriado de supostos empreendimentos internacionais, como a retomada de uma empresa no México e planos de expansão para o Chile e a Argentina. A PF ainda apura se essas alegações têm relação com os magistrados ou se eram estratégias para impressioná-los.
Investigações em andamento
Gonçalves já era investigado desde 2007 por crimes como lavagem de dinheiro e usurpação de função pública. Ele é proprietário de duas empresas em Cuiabá, que também foram alvo de buscas: a Florais Transportes Eireli e a Florais Táxi Aéreo.
Com o avanço das operações, as autoridades buscam esclarecer o alcance do esquema e a conexão entre os envolvidos nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.